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O Sonho Macabro | Terror Erótico

Naquela noite, Beck dormiu. Um sono pesado, tão denso que nem os mais altos barulhos seriam capazes de acordá-la. Em sonho, Beck estava na casa dos avós. Um homem batia à porta e, de forma amigável, lhe oferecia algo. Mas Beck simplesmente recusava. E era sempre assim: quando ela recusava, mesmo sem saber por quê — porque a oferta era irrecusável — o homem de aparência agradável se desfigurava, virando uma criatura demoníaca clichê.

Esse sonho era recorrente. Sempre igual. Sempre lhe ofereciam algo. Quando Beck recusava, o ser sorridente mostrava sua verdadeira forma. Aquilo lhe causava medo, mas ao mesmo tempo uma estranha familiaridade.

Frequentemente, Beck tinha sonhos “estranhos”. Mal sabia ela que não eram apenas sonhos. Eram premonições. E, em outras vezes, experiências vividas em outros planos.

Num desses sonhos, Beck se via no espelho do banheiro. Ela olhava fixamente nos próprios olhos refletidos quando, de repente, outra imagem de si mesma surgia no espelho. Essa outra Beck tinha um olhar mais malicioso, um sorrisinho no canto da boca e dizia:

— Mesmo quando você é boa… você ainda é má.

Beck acordou assustada, sem entender absolutamente nada. Mas, apesar de intrigada com a frase e com o sonho, se sentia estranhamente atraída — excitada, inclusive — por aquele segundo reflexo. E só anos mais tarde Beck entenderia o que aquilo queria dizer.

Beck tinha muitos sonhos. Num deles, havia um homem muito belo — um vampiro, ou pelo menos parecia ser. Ela estava numa casa com móveis antigos e pesados, e ao vê-la, ele a beijava com força e desejo. O beijo era quente, molhado, cheio de fome. Os corpos se aproximavam, e os toques iam além dos lábios — mãos se apertavam, peles se reconheciam.

Enquanto ela se perdia nos braços do vampiro, um demônio aparecia, se aproximando com a mesma intensidade e começava a beijá-la também. Os três se tocavam, se saboreavam ali mesmo. Os beijos se espalhavam pelo corpo de Beck, que era tomada por um prazer tão profundo que sentia o mundo ao seu redor se dissolver. Mas aquilo não era só sobre prazer. Algo maior acontecia com ela. Seria uma iniciação? Uma transmutação?

Quando Beck atingiu o ápice, ela foi levada — como num deslocamento de seu espírito — até as terras dos avós. Lá, via dezenas de vampiros se alimentando do sangue de seus parentes. Mas enquanto eles se alimentavam, ela também era alimentada. Algo dentro dela mudava. Era como se estivesse sendo transformada por completo.

Beck acordava molhada — e não apenas de suor.

Na noite seguinte, o sonho continuava...

Beck estava num quarto antigo, de outra época, com paredes de pedra e candelabros acesos. Enquanto ela caminhava, um demônio surgia em sua direção, chamando por seu nome, suavemente:

— Beck… Beck…

Ela ficou assustada e sentiu medo, mas também uma forte atração. Por um momento, ficou parada, sem reação. Mas, após alguns instantes, tomou coragem e caminhou até ele. Ao abraçá-lo, sentiu uma energia quente e estranha percorrendo seu corpo. Ao mesmo tempo que se arrepiava inteira, se sentia em paz. Era como estar no aconchego do lar — um lar sombrio, porém familiar.

Beck olhou nos olhos do demônio e ele, com doçura surpreendente, beijou seus olhos. Depois sua boca, e por fim a carregou nos braços. Introduziu seu falo dentro dela, de forma intensa e lenta, como se já a conhecesse por dentro. Enquanto se movia, sua cauda grossa acariciava as costas de Beck, fazendo com que ela se arqueasse em entrega e puro deleite. Era como se o corpo dela tivesse sido feito para aquilo.

Não houve palavras. Tudo foi sentido, vivido em silêncio. E Beck queria mais. Queria tudo.

Ao final, o demônio beijou seus grandes lábios, sua boca trêmula e a testa suada. E então disse:

— Eu sou Asmodeus. E agora, você é minha. Estarei com você. E tudo o que você desejar, eu te ajudarei a conquistar.

Beck acordou. Ao se levantar, viu uma mancha de sangue no lençol. Seu hímen fora rompido. Ela caminhou até o espelho e viu uma marca escura em seu ombro esquerdo. Quando olhou nos próprios olhos refletidos no espelho, viu a imagem do demônio da noite passada — agora transfigurado num belo homem.

Ele sorria para ela com aquele mesmo olhar de antes, e sussurrou:

— Nunca mande um subalterno fazer o trabalho de um príncipe.

Beck tocou a marca em seu ombro, que ainda ardia. E, pela primeira vez na vida, se sentia inteira. Desperta.

A partir dali, suas noites nunca mais foram as mesmas. E nem seus dias.

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